Primeiro encontro com padre Piamarta - Pier Giordano Cabra
Capítulo Quarto
1. “Tinha sido
ordenado sacerdote aos 23 de dezembro de 1865 e celebrou a primeira missa no
dia de Natal em Bedizzole, onde era pároco o ‘seu” padre Pezzana. Estava então
com 24 anos e no dia seguinte ia a Carzago Riviera como vigário paroquial,
ajudando o pároco. Padre Pezzana conseguiu
tê-lo consigo pouco mais de um ano em Bedizzole e, em seguida, os dois foram
transferidos para a paróquia de Santo Alexandre no centro da cidade de Brescia,
sempre Padre Pezzana como pároco e Piamarta vigário. Estamos no ano de 1870.
2. “Meu Deus, faça com que eu não seja um
servo inútil”, tinha pedido no dia da primeira missa e bem cedo perceberam de
que caráter era o jovem vigário. “Olha, é
verdadeiramente um santo” andavam comentando. Em primeiro lugar os
doentes que aguardavam suas visitas, depois as pessoas que desejavam conversar
com ele, atraídas pela fama de sua sabedoria, e aquelas pregações tão tocantes,
e como tinham melhorado as celebrações... e os jovens que não o abandonavam um
minuto... o oratório, o famoso oratório de Santo Alexandre, iniciado pelo padre
Piamarta.
3. Em breve tempo todos
falam dele. “Temos feito uma ótima aquisição”, falavam os homens. “Menos mal
que alguém pensa nos nossos filhos”, falavam as mães... “Olha como está
pálido”... ”e corre o dia todo”... ”É tão devoto”... ”Mas quanto os jovens
gosta dele”... ”nunca para, é uma “prata viva!” “Tomara que o deixem
conosco por muito tempo!”
4. O oratório de Santo
Alexandre dispunha como espaços a sacristia e um pequeno pátio, onde os jovens
se encontravam com o vigário. Mas arrastou tantos e tantos jovens, deixando uma
lembrança inesquecível daqueles anos. O vigário os reunia, lhes
falava, organizava passeios, procuravam lugares onde podiam brincar. E
criavam-se fortes amizades, vínculos indestrutíveis. Da coleção de cartas inerentes
a este período é possível respirar um pouco da atmosfera daquele ambiente:
“Para nós jovens aquele vigário era algo de especial, de extraordinário”... ”Suscitava
em mim sentimentos de respeito, de admiração, devoção verdadeiramente
extraordinária”... ”Queria salvar a juventude da indiferença e da perda da
religião”. A um Advogado anticlerical
que queria dar vida a um “centro recreativo leigo”, um amigo falou: ”Meu
querido Advogado, enquanto nos oratórios há padres como Piamarta, é inútil você
abrir seus “centros recreativos”.
5. Mas o jovem vigário
olhava também para outras realidades que o tocavam profundamente: ótima coisa o
oratório, mas aos órfãos antes e depois do oratório quem é que pensa neles? E
aqueles pobres jovens que entram no mundo do trabalho e devem adaptar-se a um
“trabalho e a um salário miserável? E aqueles jovens que vem dos vales e dos
campos à procura de trabalho aonde vão?
Ele via que muitos de seus jovens teriam tido a possibilidade de
destacar-se na vida, se alguém os tivesse preparado ao trabalho, enquanto
tinham que se adaptar a ocupações totalmente secundárias. Eis que nascem nele as duas grandes perguntas, sempre mais
preocupantes: “Como tornar os jovens pobres protagonistas de seu futuro?” “Como dar uma família a quem não a tem?”
São perguntas que devem encontrar uma resposta. Padre Piamarta teria
uma resposta, mas não tem os meios para realizá-la. Ele, porém, tem um amigo com quem pode falar disto. Começam assim os encontros com Monsenhor Capretti.
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