1. Nada na vida acontece por acaso.
Menos ainda na vida dos santos. Na cidade de
Brescia, na segunda metade dos anos de 1800, no auge da revolução industrial,
fazia-se necessária uma intervenção especial entre os jovens, e eis que em 26
de novembro de 1841 nasceu uma criança, batizada no dia seguinte na igreja de
São Faustino com o nome de João Batista, filho de José Piamarta e de Regina
Ferrari.
2. O nosso pequeno João Batista, tendo que
desenvolver a missão de ajudar os pobres, nasce pobre, cresce num ambiente
pobre e experimentará as privações da pobreza. Queria ter um agasalho para
defender-se melhor do frio, mas deve ficar satisfeito com a blusa de lã feita
em casa pela mãe ... E os sapatos ... os bonitos sapatos ... mas só tem mesmo os
tamancos de madeira. Tendo que compreender e ajudar os meninos
difíceis, não teve um caráter fácil, para ele compreender que uma coisa é falar
belas palavras, outra coisa é realizá-las. E que para crescer torna-se necessário
fadigar-se e, muitas vezes, lutar contra si mesmo.
3. Não era, porém, um caráter ruim, e sim
um caráter não muito fácil: firme até mesmo teimoso, pronto a saltar e a
estourar quando alguma coisa não era do gosto dele. Mas a mãe Regina
vigiava e não deixava passar as coisas sem intervir. Como aquela vez que o
nosso garotinho de seis ou sete anos deixou aí sobre a mesa a sopa, porque não
gostava dela. A mãe, na manhã
seguinte, preparou para ele só aquela mesma tigela recusada. Ao meio dia, ainda
o mesmo prato e a mesma reação dele, e assim também à noite, até que o jovem
contestador teve que ceder e aprender que o “querer” não é sempre possível ser realizado. Aprendeu que na vida a primeira coisa é
saber mudar a si mesmo, antes de mudar as coisas fora de nós. Pois nem sempre
dá para mudar ou melhorar os outros ou as coisas, mas sempre temos
possibilidade de melhorar a nós mesmos.
5. Aos nove anos a morte passa pela
primeira vez na vida dele e lhe tira a pessoa mais querida, a queridíssima mãe
Regina. O pai é barbeiro e fica fora de casa o dia todo. Quando volta, à noite,
às vezes depois de um copo de vinho perde até o controle. Tendo que cuidar
dos órfãos, João está preparado para experimentar na própria pele o que
significa ficar órfão muito cedo, sofrer em silêncio a solidão, perceber que
não há ninguém que se interesse com você, que está à sua espera em casa, uma
casa que se torna improvisamente vazia e silenciosa.
6. Do Joãozinho interessa-se como pode o
avô materno, que à noite o encanta com os contos da História Sagrada, isto é
com episódios da Bíblia. Os contos narrados pelos avôs foram por séculos as telenovelas ou as fictions televisivas de hoje Ele acabará se
apaixonando tanto com esta História que se tornará um hábil e muito desejado
narrador aos seus jovens, os quais recordarão por muito tempo os intrigantes
contos, com as incisivas conclusões para a vida.
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